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Desinfecção em Poços Tubulares

Foto do escritor: Eduardo Gabriel De Pauli BaptistaEduardo Gabriel De Pauli Baptista


Poços tubulares para captação de águas subterrâneas são obras de engenharia, portanto sujeitos a normas e exigências de especificações, dentre as quais as sanitárias, as quais, lamentavelmente, nem sempre são obedecidas, ocasionando contaminações microbiológicas das águas captadas.


Já na ocasião da construção dos poços por exemplo, no mais das vezes, inexistem cuidados higiênicos quando do manuseio dos revestimentos, filtros, edutores, etc., sendo atitude rara proceder-se desinfecção previa do material utilizado no pré-filtro. Por outro lado, após o desenvolvimento do poço e execução do teste de bombeamento, é comum adicionar-se hipoclorito de sódio ou cálcio, no espaço anelar entre o revestimento e o edutor, porém sem a utilização de uma tubulação auxiliar. Também, raramente se procede, após alguns dias, analise bacteriológica da água do poço. Mais grave e não raro é encontrar-se poços mal tamponados, possibilitando a entrada de insetos e até repteis e batráquios. Foto 5.


A utilização de solução a base de cloro (geralmente hipoclorito de sódio), vem dado resultados satisfatórios nas contaminações por coliformes totais, fecais, pseudomonas aeruginosa, etc. Atenção especial, no entanto, tem que ser dispensada à metodologia da execução da desinfecção, principalmente no que concerne a homogeneização e higienização no trecho compreendido entre o nível estático da água e a "boca" do poço, pois o referido trecho é ótimo ambiente para o desenvolvimento de microorganismos de todos os tipos.


  • Antes da desinfecção da captação (poço ou fonte), a sua estrutura deve estar perfeitamente limpa. Somente realizar a desinfecção após o desenvolvimento e limpeza (a água límpida e substancialmente isenta de areia) em poços bem tamponados, Foto 3 e 4). Substancias estranhas, como sedimentos, impurezas, gorduras, vedantes de juntas, etc. podem alimentar e proteger bactérias.


  • Para que a solução desinfetante possa eliminar os germes presentes, é necessário que haja o contato. Simplesmente despejar a solução no poço não é o suficiente. É preciso que a água do poço, adicionado o agente desinfetante, forme uma solução homogênea, desde o nível estático até o fundo do poço.


  • O tempo de contato não deve ser inferior a doze horas. A desinfecção deve ser iniciada preferencialmente ao entardecer (reduz o efeito da evaporação do cloro). É de fundamental importância que o trecho superior do poço (nível estático até a superfície) seja lavado com a solução clorada do poço.


  • A desinfecção deve ocorrer sempre que a análise microbiológica (monitoramento) revelar necessidade.


  • Após a desinfecção, o tamponamento deve estar adequado, a casa de proteção limpa e fechada.


  • Fazer a coleta da água para análise depois de comprovada ausência de cloro.


Etapas de trabalho



1. Conhecer o volume de água contido no poço definido entre o N.E. (nível estático) e o fundo do poço.

Ex.: V = p.r2 (P.P. - N.E.)

P.P. - profundidade do poço.

r - raio do poço ou raio interno do revestimento.


2. Definir a concentração desejada para a solução desinfetante. Ex.: Em caso de contaminação usar 200 ppm (base cloro).

Em caso de rotina (contagem alta, pseudomona, etc.) 100 ppm.


1. Escolha do agente (base de cloro);

Ex.: Hipoclorito de sódio (cloro livre ou disponível 10%). Água sanitária de boa qualidade (cloro disponível 5%).


2. Higienização - Deve-se instalar no poço um "by pass" para que a água bombeada possa retornar ao poço em circuito fechado (refluxo). Fotos 3 e 4. Liga-se a bomba em regime intermitente (intervalos de 30 por 10 minutos) por várias vezes. Ora a água bombeada deve ser jogada para fora, outra, para dentro do próprio poço. Desta forma, assegura-se uma boa limpeza da parte interna do revestimento, das paredes externas do edutor; do cabo elétrico, da tubulação auxiliar, etc., no trecho entre a "boca" do poço e o nível estático (N.E.). Excepcionalmente, pode-se conectar uma tubulação flexível para efetuar o refluxo, no entanto, há o inconveniente de ser necessário elevar a coluna edutora e o tubo auxiliar. Foto 2.


3. Injeção do agente - Sempre utilizar uma tubulação auxiliar com diâmetro de ½" ou

¾", de PVC e roscável, no espaço anular entre a tubulação de sucção (edutor) e a parede do revestimento. Dependendo da profundidade da bomba, fixar a tubulação auxiliar no edutor. Esta tubulação (Fotos 1 e 4) tem a finalidade, também, de monitorar o nível estático e é exigida no item 4.2.8 da Portaria No 222, de 28 de julho de 1997, publicada no DOU de 08/08/97.


4. Homogeneização/Desinfecção - Adicionado o agente desinfetante no poço, por meio da tubulação auxiliar, procede-se de forma semelhante à etapa da higienização. Este procedimento, além de proporcionar uma ótima homogeneização, simultaneamente assegura a desinfecção no trecho ausente de água situado entre a "boca" do poço e o nível estático (N.E.).


5. Repouso - Depois de efetuada a etapa da homogeneização/desinfecção, com a bomba desligada, deixa-se o poço paralisado pelo menos durante doze horas, preferencialmente no período noturno.


6. Retirada do cloro - Concluída a etapa anterior, bombeia-se continuamente até a retirada total do cloro; para isto, deve-se utilizar indicadores. Essa água bombeada deve ser usada na desinfeção da casa de proteção ao poço, cabinas, equipamentos, etc.



Exemplo do Cálculo da quantidade do agente desinfetante



A. Considerando que o volume de água dentro do poço seja:

V = p.r2 (P.P. - N.E.) = 1 m3

P.P. - profundidade do poço.

r - raio interno do revestimento.


B. Considerando que a concentração necessária a uma desinfeção segura seja 200 ppm, tem-se:

e = 200 ppm (mg/l)

C. Considerando que o agente desinfetante disponível no mercado seja unicamente água sanitária de boa qualidade, com confiabilidade de que o cloro livre ou disponível tenha a concentração de5%.

Assim, em cada litro se terá: 1000 g (5%) eqüivale a 50 g de cloro livre, logo:

X = 50 (g/l)


Substituindo os valores acima (nas unidades referidas) na equação a seguir, será obtida a

Quantidade do Agente desinfetante (Q.A.) a ser introduzido no poço:





Conclusão


Neste caso, são necessários 4 litros de água sanitária (com 5% de cloro livre), para a desinfecção deste poço.



TABELA DE AGENTES DESINFETANTES A BASE DE CLORO



B I B L I O G R A F I A


  • Desinfecção em Poços Tubulares. Alípio Agra Lima e José Augusto Vieira Filho, DNPM 4º Distrito/PE

  • Água Subterrânea e Poços Tubulares. CETESB.

  • Controle de Qualidade da Água para Consumo Humano. CETESB.

  • Desinfeção de Águas. CETESB.

  • Manual de Operação e Manutenção de Poços. DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENGENHARIA ELÉTRICA (D.A.E.E., 2a edição, 1992).

  • Normas Brasileiras de Construção de Poços Tubulares. ABAS/ABNT NB - 588, NB - 1290, março de 1990 e NBR-12244, abril de 1992.

  • Sistema de Abastecimento de Águas e Esgotos. MARK J. HAMMER.

  • Desinfecção em Captações e Instalações de Envasamento de Água Mineral - III Congresso de Águas Minerais. ALÍPIO AGRA LIMA.

  • Experiências de campo: Desde 1982, várias desinfecções foram realizadas em captações (poços e fontes). Eficiência comprovada por meio de análises microbiológicas - Coliformes, Pseudomonas e Contagens de Colônias. EQUIPE DO 4o DISTRITO DO DNPM.



Foto 1 - Interior da Casa de Proteção ao Poço, onde se observa saliente do piso aproximadamente 50 cm, o revestimento em PVC aditivado. A tampa, também em PVC, oferece boa condição de vedação com o uso de silicone. Destaca-se o operador apontando para a parte inicial da tubulação auxiliar, com diâmetro de ½", destinado a introduzir a solução desinfetante, além de permitir, com segurança, em outros momentos, medir os níveis d' água no poço.




Foto 2 - Interior da Casa de Proteção ao Poço, onde a tampa da "boca" do poço junto com a coluna edutora e o tubo auxiliar, ficam suspensos a fim de possibilitar o refluxo da água, por intermédio da mangueira de plástico, transparente introduzida no do revestimento. Nessa ocasião, o operador testava a presença de cloro na água.



Foto 3 - Mostra-se a "boca" de um poço bem protegido e destaca-se a instalação de um "by pass" em PVC. Observa-se dois registros, também em PVC, indispensáveis nas etapas da higienização, homogeneização e da desinfecção.



Foto 4 - (Cortesia da Água Mineral SOFT - São Paulo - DNPM 4.203/1964). Vista interna da Casa de Proteção ao Poço. Observa-se a boa proteção da "Boca do Poço", com a coluna dos revestimentos mais de 50 cm acima do piso. Plug protetor da tubulação auxiliar (para medição do nível d' água). Tem-se, também, torneira para coleta de água e instalação de "by-pass".



Foto 5 - Poço, em desacordo com a Portaria No 222, de 28 de julho de 1997 D.O.U. 08/08/97, especificamente os itens 4.2.3, 4.2.4, 4.2.8, 4.3.1, 4.3.2, 4.3.5 e 4.3.6, mal protegido, por exemplo: Vedação da "boca" do poço inadequada, abaixo do nível do solo e inexistência de tubulação auxiliar etc.




Foto 6 - Casa de Proteção da Captação, construída em alvenaria revestida, inclusive externamente, por cerâmica e com teto em laje de concreto, ostentando a denominação da Fonte. No seu entorno, estrutura de proteção da mesma, constituída de muro de paralelepípedos, complementado verticalmente por tela de malha estreita, e dotado de portões de metal. Pode-se ver, ainda, que a área no entorno da Casa de Proteção é calçada por paralelepípedos.

Podem ser vistas, também, do centro da foto para a direita, respectivamente, as portas de acesso ao corredor de inspeção, à Caixa de Captação e ao compartimento da bomba. Estes três ambientes, internamente, estão isolados por paredes divisórias.

Obs: Esta casa de Proteção poderá ser adaptada para Poço, com apenas dois ambientes.

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