O assoreamento do reservatório, ou seja, o seu entulhamento progressivo pelos sedimentos transportados pelo rio, pode er um problema de pequena a moderada significação em regiões de condições geológicas, climáticas e de uso da terra favoráveis, mas que pode assumir intensidades e características críticas, em áreas desfavoráveis e em reservatórios pequenos em relação às Bacias de Contribuição. O fenômeno depende de fatores como clima, geologia, cobertura vegetal, declividade das encostas e uso da terra. Pode atingir intensidade máxima em regiões de pluviosidade muito baixa, com chuvas concentradas em períodos muito curtos, cobertura vegetal mínima, topografia montanhosa, onde predominam rochas sedimentares arenosas ou formações aluvionares abundantes de areia e cascalho. São menos importantes em regiões de boa pluviosidade, cobertura vegetal adequada e solos predominantemente argilosos, desde que não submetidos a práticas agrícolas impróprias, as quais, neste caso, passam a contribuir o fator essencial.
Breusers et al (1982) mencionam taxas de carreamento de sólidos da ordem de 500 a 2.000 m³/km²/ano, em regiões desfavoráveis, o que corresponderia a taxas de assoreamento da ordem de 0,5 a 3,0% da capacidade do reservatório considerado, por ano. As taxas podem ser ainda mais elevadas em regiões particularmente desfavoráveis. No Brasil, Ponçano Et al. (1982) mencionam, para a Região Sul, taxas da ordem de 1,5% e 0,8%, medidas, num período de nove anos, nos reservatórios das barragens de Capivari-Cachoeira e Passo Real, respectivamente, mostrando as condições bem mais favoráveis que vigoram nestas áreas.
O entulhamento dos reservatórios resulta principalmente, da carga de fundo dos rios, constituída de silte, areia e cascalho, a qual se deposita a partir das cabeceiras do reservatório, à maneira de deltas. A carga síltico-argilosa distribui-se ao longo do reservatório, com porção fina sedimentando-se mais perto da barragem ou sendo, em boa parte, levada para jusante durante as grandes cheias. O mecanismo de formação de deltas tem consequências mais sensíveis, uma vez que pode reduzir o volume efetivamente útil do reservatório. O segundo tende a reduzir principalmente o chamado volume morto e tem, portanto, consequências menos danosas. O assoreamento nas proximidades das tomadas de água, pode ser particularmente prejudicial e requer, em áreas e projetos desfavoráveis, a construção de desarenadores ou a previsão de retirada do material depositado, por dragagem.
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