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Projeto e Dimensionamento de Túnel Adutor

Foto do escritor: Eduardo Gabriel De Pauli BaptistaEduardo Gabriel De Pauli Baptista

Atualizado: 13 de fev. de 2023



Túneis adutores são estruturas subterrâneas utilizadas para transportar água, esgoto ou outros fluidos de um ponto a outro. Eles geralmente são construídos em rocha ou solo, e podem ter seções circulares, retangulares ou elípticas. O objetivo principal dos túneis adutores é transportar fluidos de maneira eficiente, segura e confiável, protegendo-os contra contaminação e evitando interrupções no fornecimento. Eles também são utilizados em projetos hidrelétricos, para conduzir água para a usina, e em aplicações de drenagem subterrânea.

Há dois tipos de túneis adutores: os simples e os sob pressão. Os túneis adutores simples funcionam como canais que permitem a água fluir livremente. Por outro lado, os túneis adutores sob pressão funcionam como tubulações, com a água ocupando todo o espaço escavado na rocha.

O dimensionamento de túneis adutores é um desafio complexo da engenharia, que envolve várias etapas que devem ser seguidas, sendo elas:

  1. Investigação Geológica

  2. Definição do Traçado

  3. Definição da Seção Transversal do Túnel

  4. Cálculo de Velocidade do Fluído

  5. Cálculo do Diâmetro Hidráulico

  6. Definir o Ângulo de Mergulho

  7. Cálculo de Cobertura Mínima

  8. Cálculo de Perda de Carga


1 – Investigação Geológica

É importante realizar uma investigação geológica detalhada do local para entender as características geológicas, geotécnicas e hidrológicas onde será construído o túnel. Permite que sejam identificadas as condições naturais que poderão influenciar na construção e funcionamento do túnel. A investigação geológica pode incluir a coleta de amostras de solo, a realização de sondagens, a medição de parâmetros geotécnicos, entre outros métodos.

A investigação geológica é crucial para garantir a segurança do túnel, bem como para minimizar os impactos ambientais e garantir a sua eficiência e durabilidade. Além disso, ela é fundamental para o planejamento e execução da obra, pois permite que sejam definidos os métodos construtivos mais adequados e que sejam identificadas as condições de trabalho mais seguras e eficientes.




2 – Definição do Traçado

O traçado do túnel deve ser definido levando em consideração as características geológicas e geotécnicas do local, características hidrológicas, características topográficas, restrições ambientais e fatores econômicos. Todos estes aspectos podem influenciar diretamente nos custos, prazo e viabilidade da obra.

Na definição do traçado do túnel também deverá ser levado em conta que o prazo de construção depende da produção diária, em cada frente de execução. Se o traçado for muito longo, talvez se mostre necessário prever frentes de ataque adicionais, utilizando-se túneis/janelas intermediárias.

3 – Definição da Seção Transversal do Túnel

Normalmente, por interesses construtivos, a seção de escavação do túnel, a princípio, deve ser considerada como em arco-retângulo.

Segundo Oliveira (2017), a proposta inicial de uma seção transversal de um túnel é de um arco-retângulo com largura de 4 metros e altura total de 6 metros. Essas são as menores dimensões que possibilitam que o trabalho de escavação seja realizado de modo convencional e econômico.

A seção do túnel também pode ser dimensionada levando em consideração a vazão e a velocidade pretendida, pela fórmula:


Onde:

A – Área da seção (m²);

Q – Vazão (m³/s);

Vt – Velocidade do Fluído (m/s).


De acordo com Oliveira (2017) a velocidade de escoamento é um fator importante a ser considerado, pois quanto maior a velocidade de escoamento maior o desgaste das paredes internas do túnel. Geralmente os túneis adutores são revestidos internamente por concreto projetado, com isso, deve-se respeitar a velocidade máxima de escoamento para o concreto, que segundo Oliveira (2017), é de 3 m/s.

Segundo Schreiber (1978), a velocidade de escoamento no túnel deve possuir uma velocidade mínima de 0,50 m/s para que nenhum resíduo ou detrito se acumule no fundo do túnel.



4 – Cálculo da Velocidade do Fluido

Caso não tenha sido definida inicialmente para calcular a área da seção, a velocidade do fluido deve ser calculada pela fórmula:


Onde:

Q – Vazão (m³/s);

Vt – Velocidade do fluido (m/s);

A – Área da seção (m²).


De acordo com Schreiber (1978) e Oliveira (2017) a velocidade do fluido deve estar entre 0,50 m/s e 3,00 m/s.


5 – Cálculo do Diâmetro Hidráulico

O diâmetro hidráulico será utilizado posteriormente no cálculo da perda de carga do túnel, calculado pela fórmula:


Onde:

Dh – Diâmetro hidráulico (m);

P – Perímetro molhado, ou seja, comprimento da parede em contato com o fluido (m);

A – Área da seção (m²).



6 – Definir o Ângulo de Mergulho

Depois de definido o traçado e a seção transversal do túnel, deverá ser definido o ângulo de mergulho, com base na diferença das cotas do emboque e desemboque.

O ângulo de mergulho deverá ser adequado à necessidade de recobrimento de rocha, não sendo recomendado declividades inferiores a 1%, tendo em conta aspectos construtivos ligados à drenagem das águas de infiltração. De forma geral, a declividade máxima deve se limitar a 12%. Quando a geometria do arranjo exigir, os trechos de grande declividade devem ser concentrados em pequenas extensões, pois requererem métodos construtivos diferenciados.



7 – Cálculo de Cobertura Mínima

O traçado do túnel deve atender ao critério de cobertura mínima de rocha preconizado por Bergh-Christensen e Dannevig (1971), cujos conceitos são os seguintes:


Onde:

L - Menor distância (cobertura), a partir do túnel, em qualquer direção, até a superfície estimada do topo rochoso, medida no plano da seção longitudinal (na direção do eixo do túnel) e na seção transversal (na direção perpendicular ao eixo do túnel), de cada seção/estaca (m);

H – Carga estática máxima de pressão d’água na seção em estudo (m);

K – Coeficiente de sobrelevação para pressão, adotado 1,3;

- Massa específica da rocha (t/m3);

β - menor inclinação média da superfície do terreno natural, verificada na seção longitudinal e na seção transversal.



8 – Cálculo de Perda de Carga

Inicialmente deve ser calculado o fator de atrito, que é uma função da rugosidade da parede, do diâmetro do túnel e da velocidade do escoamento, que pode ser estimado pela expressão a seguir:


Onde:

f – Fator de atrito;

n – Coeficiente de Manning, que varia em função da rugosidade das paredes do túnel (tabelado);

D – Diâmetro de referência (m).


Coeficiente de Manning (n)


Depois de calculado o fator de atrito, deve ser calculada a perda de carga do túnel, pela fórmula:


Onde:

hf – Perda de carga do túnel (m);

f – Fator de atrito;

L – Comprimento do túnel (m);

D - Diâmetro de referência (m);

V – Velocidade do escoamento do túnel (m/s);

g – Aceleração da gravidade (m/s²).


A perda de carga a ser assumida para o projeto do túnel é uma questão econômica, devendo ser compreendida como uma quantidade renunciada de energia. Quanto menor a perda de carga, maior a eficiência do túnel.

A estimativa da perda é feita estabelecendo-se hipóteses para o diâmetro e rugosidade das paredes do túnel, por seus trechos característicos. A perda de carga no túnel de adução, de forma geral, deve variar entre 2% e 5% da queda bruta.





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